quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

CARTAS A VOCÊ



Sim, você me mudou. Me mudou no momento exato em que pisou no meu caminho. Nos aproximamos, o mundo girou e quando percebi, meu mundo era baseado em você. Foi tudo tão rápido. Eu deixei de ser quem eu era, para ser quem eu era pós você. Minha energia se renovava e era um tipo de amor que me irradiava e me fazia crescer. Um amor puro, intenso e cheio de você. O tempo foi se passando e a medida que eu ia irradiando, mais me aproximava de você. Não era esse tipo de amor chulo, repleto de corpo e aparência, completamente impuro. Era um amor diferente, desses que pessoas especiais que passam em nossa vida despertam na gente e quando percebemos aprendemos mais do que imaginamos aprender. Era carinho, preocupação e importância, era proximidade, honestidade e grande relevância. Era pensar em você nos momentos felizes e dividir contigo os momentos mais tristes. Até que um dia o cordão de ouro que nos laçava se rompia e quem iria mesmo imaginar que em caminhos opostos seguiríamos?! Quem poderia imaginar que tudo o que eu havia feito, talvez não tivesse tanta valia?! Quem iria imaginar que as fitas que um dia foram nó, hoje era apenas fitas caídas, sem valentia. E eu me pergunto as vezes em algum momento do dia: teve realmente tanta valia? Todo esse sofrimento desses laços que me rompia? Todo o nó na garganta de tudo aquilo que você julgava e eu não entendia? Todas as ofensas que eu mentalmente proferia quando não conseguia explicar o que aconteceu? 
Será que valeu?

Foi então que eu percebi. Nada daquilo que eu havia passado, eu poderia fugir. Nem o meu passado de erros, nem os meus acertos eu poderia deixar ir. Eu fui quem era para ser e com você eu aprendi. Foram passos dados no escuro do atual vazio, nas tardes de sol em que riamos dos próprios desvios que fazíamos em nossa rota normal de nos fazer de piadas. Foram tantas risadas roubadas, tantas memórias em mim guardadas que me deram força quando eu precisei, que me deram motivos quando eu rezei, que me fizeram ter humildade quando eu errei. Foram tantos abraços onde as almas se abraçavam, tanta comunicação só de olhar para o lado e tantas coisas que aprendi com você. Infelizmente não há nada a fazer, apenas respeitar esse passado e dizer que as páginas em que você esteve no velho livro da minha vida, foram preenchidas com toda a sinceridade que eu poderia ter. Eu te dei o melhor de mim, e você o que era de você. Não houveram meias verdades, meias histórias ou meia amizade. Houve uma pessoa inteira que era eu, e outra que era você. Houve tudo o que aconteceu, pelo simples fato de que era para acontecer. Dizem que do passado só devemos sentir duas coisas: Ou sentir saudades, ou sentir muito. Então minha grande amiga, eu tenho em mente a grande certeza de que posso dizer: de você sentirei eternas saudades, de um passado tão belo que um dia pudemos ter. 
Então eu só posso concluir com uma palavra breve, aquilo que resume a minha existência nessa terra, daquilo tudo que eu pude viver: 

                                                  MUITO OBRIGADA A VOCÊ. 

sábado, 10 de junho de 2017

Sobre corações partidos....

        

Em algumas manhãs ela costumava se levantar e pensar no ocorrido ou imaginar como seria se tivesse acontecido diferente. Sabe, às vezes não era às mil maravilhas, às vezes não era o que ela queria, mas era aquilo que fazia seu coração bater. Mal dormiu na noite do ocorrido, e quando levantou de manhã sentiu um pouco de si morrer. Seus passos se tornaram lentos, sua mente um verdadeiro tormento e tudo o que queria fazer era correr. Os dias foram se passando, ela foi se curando e reaprendendo a viver. Viajou para alguns lugares, conviveu em alguns lares e até então a dor pareceu se suspender. Todos os dias viraram alegrias até que um belo dia cruzou novamente com seu antigo querer. O choque foi instantâneo, o desespero e a esperança se chocaram em seu crânio e ela não sabia realmente o que fazer. Fingiu todos os sorrisos, forçou a simpatia e que vivia em um paraíso, mas soube que a dor que havia a muito adormecido, acabara de voltar renascer. Por sorte pôde sumir para um paraíso que a muito tempo gostaria de conhecer. O paraíso era tão perfeito que ela se sentia plena e maravilhada, sentiu-se completamente sortuda e um pouco depois ingrata por não se sentir por inteira verdadeiramente grata. Sim, a plenitude era estar rodeada do bom e do melhor, mas aquele canto ainda estava a doer. Passou por mil rostos bonitos, até que houve um coração esquisito que a fez sorrir ao querer um presente lhe fazer. Não havia percebido o quanto estava machucada, até ter sido atingida pelas palavras animadas daquele desconhecido que a abordava com a simpatia magnífica de um anjo que veio para lhe convencer. Lhe convencer de que poderiam haver milhões de motivos que poderiam lhe tirar o riso, mas que o que valia a pena era ter sempre a vontade de sorrir e viver. Por mais que a dor fosse profunda, a vontade de sorrir traria todos os dias, a força de esticar os lábios ou sorrir com a porta das almas, um sorriso de quem nunca deveria deixar de querer. Ela entendeu então, que por mais que tapasse a ferida, ela jamais deixaria de doer. Ela precisaria de tempo, tempo esse sem precisar se esconder. As férias vem e vão, mas as marcas de batalha sempre ficam. Não se justifica uma perda, sem o aprendizado da vida, por tanto abriria sua cabeça e sentiria com seu coração. Todos os dias viriam a existir obstáculos, mas ela sempre teria a fé de que nenhum de nós passa por nada que não precisamos aprender.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Laços da janela....

         


Da janela vejo novas oportunidades, princípios envelhecidos deixados para trás, que hoje já não fazem parte dessa vida vivida em julgamento. Hoje isso não faz mais parte e as promessas nao feitas ganham oportunidades para existir. São laços novos se formando depois dos antigos terem sido rompidos após tanto tempo com ausência de ternura. Já não existia mais aquele laço que lhe prendia, já não existia mais aquela beleza do embrulho. Eram apenas itens desconectados vivendo juntos por proximidade de valores. Fez-se então as lâminas da vida e esses laços foram rompidos e toda a liberdade que a cercava se tornou uma imensidão. Houve medo no início, houve tormenta e houve solidão, até que se fez a luz do dia e acabou-se a escuridão. Sua fita seguiu sozinha, sem lembrar-se de seu antigo laço e aquele lado amassado, seguiu se passando até se encontrar novamente. Eram traços da vida que surgiam, eram noites quentes e madrugadas frias. Era tudo de novo se tornando um momento importante para lembrar-se de que jamais haveria solidão, pois seus sóis seriam sempre a luz e seu céu seria sempre uma imensidão, pois independente de seus versos, ela sabia que dentro daquela sua vida, sempre caberia um novo refrão. (Mayra Turquetto)

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Preciso dizer....

É estranho esse sentimento, às vezes parece bom, às vezes soa lamento, às vezes é apenas um resumo de tudo o que você me despertou. Atualmente eu não sei mais quem eu sou, se é aquela que eu era com você ou aquele que seguiu seu voo. Foram poucas as palavras trocadas, mas as que foram mais doloridas foram as flechas que não foram lançadas. Essas doeram com um ardor profundo. Essas foram as mais doloridas e de longe as que alcançaram mais profundo. Eu descobri que palavras machucam, mas o que machuca mais é o silêncio. Eu não sei se já te disse, mas eu prefiro discutir com você e ficar triste, do que soltar palavras ao vento das quais você lê e não quer responder. Eu me senti um tanto quanto magoada, por você ter virado as costas para mim depois da minha entrega desvairada. Foi uma discussão tão boba. Palavras trocadas com mágoas, que chegaram a amargar minha boca. Não era o que eu queria para mim, não era para ter virado uma discussão desalinhada. Era para ser apenas uma troca de opiniões. Era pra ser mais que uma noite em seus lençóis. Era pra ser uma vida junto, construindo nossos próprios caminhos lado a lado. Era pra você ter segurado o meu coração e não o ter despedaçado. Era pra termos construído juntos o castelo em que queríamos viver. Era pra sermos exatamente o que queríamos ser. Hoje somos apenas lembranças de um passado que de repente de uma coisa linda, se tornou em tudo errado. E eu me pergunto até hoje o que será que deu em você?! Eu fui mais que uma das tuas muitas companhias? Eu trouxe de monte para você, o tamanho desse sentimento que você tanto me trazia? Eu te trouxe mais que alegrias? Porque eu já não sei mais se tudo faz sentido ou se não passou de um sonho.  Eu não sei qual vai ser a minha vida se eu não tiver uma explicação melhor para esse bendito encontro que mais uma vez terminou com o meu muro de proteção desmanchado. Eu não sei mais te dizer se tudo foi certo ou se tudo foi errado. Eu só sei te dizer que eu não estou feliz assim, então posso fazer uma pergunta? Volta pra mim? 
(Mayra Turquetto)

Eu não quero...

Eu não quero ser esquecida em sua memória vazia. Eu não quero ser aquela tarde solitária e fria da qual você não quer se lembrar. Eu não quero ser deixada de lado e ser substituída como um papel timbrado onde se risca o lado marcado e se escreve no verso um rascunho para no cesto perecer. Eu não quero ser a lembrança sofrida de uma vida não vivida e uma sombra marcada para não permanecer. Eu não quero me esquecer. Eu não quero em uma memória morrer. 
Eu quero deixar minha marca, minha essência, minha falha, aquela que não machuca, mas deixa a alma marcada por ali viver. Eu quero ser teu sol, seu silêncio ou teu farol para te guiar na escuridão. Eu quero ser tua calmaria e turbilhão, teu isolamento e tua multidão, tua letra e teu violão do qual você não precisa, mas não quer ficar sem conviver. Eu quero ao teu lado crescer. Eu quero teus gostos conhecer e ser para você o que você mais gosta, seu sorvete, sua torta de amora, sua pipoca em um cinema numa noite de lazer. Eu quero poder contigo conversar e te mostrar como é sonhar acordado e ainda sim poder adormecer. Eu quero passar o dia do teu lado, e a noite em teus braços me aquecer. Eu quero dentro de ti viver. Não quero muito. Quero ser a brisa que te assopra nas noites de verão e que você não tenha a necessidade por mim, mas que de preferência para estar do meu lado, só para que eu possa permanecer. É isso o que eu quero viver. É isso que eu quero ser. É difícil ou impossível acrescentar e comigo florescer? Eu não quero te perder então por favor, abra a porta e me deixa entrar?  
(Mayra Turquetto)

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Ela se encontrou e se encantou com o que viu.



Tantos amores por aí, tantos sabores de sentimentos pra se sentir e nenhuma expectativa poderia trazer aquilo que você menos espera e mais precisa. Aquela sensação de libertar-se das amarras daqueles ideais que não são os seus, que não poderiam te fazer prisão daquelas estúpidas atitudes que poderiam ter feito você um dia, abandonar a si mesma. Foram tantos os dias em que você se perguntou se poderia mesmo fazer aquilo, até que o problema se provou ser tão pequeno em seu interior egoísta. Foi um segundo libertador quando a menina pode se libertar daqueles olhares famintos para devorar todos aqueles sonhos que ainda viria a sonhar. Ela queria mais e sempre quis saber os "por quês" e os "por quantos", mas nada poderia se comparar com os vários cantos de seu interior agora vazio de idéias compradas e com espaço para ela decorar da sua maneira. Ela sentiu-se só, até perceber o quão cheio seu interior era e o quando vazio era o lado de fora. Foi construindo sua profundeza diária, da profundidade majoritária de seus sentimentos antes julgados tão banais. Fez sua cama com suas respectivas expectativas e cobriu-se com seus lençóis de esperança pronta para abraçar seus sonhos e preparativos de uma jornada engajada em encontrar a real essência  do seu próprio ser.(Mayra Turquetto)



sábado, 11 de junho de 2016

Mesmo livro, uma nova história

Estávamos conversando, um amigo e eu, e ele me contava sobre uma história do passado onde o mesmo me falou em um determinado momento: "as vezes esse tipo de coisa me lembra aquele seu livro preferido, onde você já sabe o final, mas sempre pega para ler, só pelo sentimento que ele te traz". Essas palavras dele ecoaram na minha cabeça e eu comecei a divagar sobre elas e perceber quanto sentido havia naquilo e quanto eu me identifiquei. Sabe, é incrível quando em determinados momentos da vida, nós insistimos nos mesmos erros, mesmas atitudes, mesmos sentimentos e simplesmente sabemos o que irá acontecer no final das nossas ações e quais serão os resultados. Eu pensei no sentido daquele livro, e na minha vida e comecei a pensar em tudo o que eu fiz e estava fazendo e percebi quantos rumos iguais eu tomei sem perceber. Eu me vi relendo aquele velho livro com a esperança de que o final fosse mudar e então eu percebi que eu estava fazendo exatamente a mesma coisa e que por isso o final não seria diferente. Seria cômico, se não fosse trágico. Eu pensei nas mesmices em que eu cai por minha própria culpa e o quanto eu poderia ter mudado tudo se tivesse colocado apenas algumas vírgulas naquela história. Eu sorri e me peguei rindo da minha própria cara de chateada por começar a fazer tudo novamente. Eu estava realmente achando que mudaria o final daquele velho livro? Não que ele deixaria de ser meu livro preferido, de qualquer forma, mas eu jamais poderia mudá-lo. Então eu sorri para ele, o abracei e o coloquei na mesa da escrivaninha. Eu caminhei até o meu estojo e peguei uma simples lapiseira e voltei onde eu estava. Eu tracei vírgulas nele e acrescentei certas palavras e quando terminei tudo, eu simplesmente sorri um sorriso estonteante, daqueles de tirar o fôlego, pois eu não precisei mudar o livro que eu tinha a muitos anos, eu apenas dei a ele um pouco mais de mim. Eu dei minhas vírgulas, minhas palavras, meus pontos de interrogação e até algumas linhas. Eu deixei um pedaço de mim ali, porque eu precisava mudar aquele velho livro, mas não de uma maneira radical, rasgando suas páginas e tirando alguns de seus versos, eu precisava acrescentar a ele a minha essência. Eu o li novamente e percebi que a velha história estava ali, mas ao mesmo tempo era uma nova. Eu pensei nas infinitas possibilidades que eu poderia ter escrito, mas me abstive, apenas pelo fato de que ele era meu, mas a história pertencia a outro autor. Não seria correto remover páginas e capítulos, então sorri com aquele final. Aquela emoção distinta da qual me tirou lágrimas e sempre me entristecia quando lia o final daquele livro, se transformou na felicidade plena de doar a minha essência de sorriso. Era um livro que não me entristecia mais, e que sempre teria um pedaço de mim. Era o livro da minha historia predileta, com meus pedaços envolvidos. Era um novo sentimento, um amor diferente, uma chama ascendente que levou de mim toda a agonia que um dia já tirou meu sorriso. Eu fechei e olhei para a capa, dei um beijo em sua moldura e o retornei na estante da vida. Eu suspirei e sorri. Ele sempre seria meu livro preferido. Ele sempre iria mexer comigo. Mas agora nós tínhamos ligações diferentes. Ele tinha um pouco de mim e eu um fiquei um pouco mais contente. Aliviada então, juntei as peças dos meus sentimentos e segui pela porta para mais um dia de liberdade feliz de que aquela história era agora, uma parte da minha realidade. Eu agradeci ao meu velho amigo pelas palavras e fui caminhando sempre em frente, escrevendo mais um capítulo.
(Mayra Turquetto)