quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Feridas da alma

        



Já faz algum tempo que comecei a perceber que alguns daqueles que considero como amigo e que procuro sempre estar presente nos momentos de desabafo e naqueles onde a dificuldade é grande, não fazem o mesmo por mim. Já faz um tempo onde percebi que no fundo, no fundo a amiga sou eu. Sim, apenas eu mesma, pois é como se fosse uma via de duas mãos, onde apenas uma é movimentada e a outra passa um ou outro carro de vez em nunca...
Algumas vezes me questiono, se isso realmente é algo que acontece, ou se é só uma impressão, mas aí comecei a perceber que também nos meus bons momentos, eles não estão lá pra comemorar comigo, então não sei dizer porque ainda continuo os chamando de amigos. 
É uma dúvida um tanto quanto incomum, mas é o que me faz pensar cada vez mais, uma vez que ela vai e volta. 
Recentemente uma pessoa muito querida me estraçalhou com palavras, onde mais da metade delas eram verdades, e a outra parte era traçada em farpas para me machucar, uma vez que eu a machuquei. Eu não respondi e tentei me manter quieta em todos os momentos, mas em algumas das frases a dor era insuportável demais para poder ser contida, então lágrimas caíram, enquanto eu olhava sem piscar para essa pessoa que eu tanto amo. Eu não contei isso para ninguém, talvez pq ela seja a única pessoa com a qual eu poderia contar minhas mágoas e minhas alegrias e eu a machuquei sem querer. Um erro, um deslize, alguma coisa que poderia ter sido evitada, mas que por um acaso do destino não foi. No final dessa conversa, assim que fiquei só, eu me permiti deixar um pouco daquela dor me consumir, porém, não por mais do que dois minutos. Ela era muito grande para poder ser consumida de uma vez, então eu respirei fundo, guardei-a em uma gaveta e passei o resto do dia com um sorriso falso, uma alegria fingida. Não sei dizer realmente se as pessoas acreditaram, ou se eu mesma acreditei tanto naquela cena, que acabei vivendo-a de verdade. Só sei que as palavras ainda estão aqui. A dor esta na gaveta e essa gaveta esta cheia, digamos que transbordando, mas eu tenho tido forças para mantê-la fechada. E essa força tem me motivado. Eu não sei até quando irei conseguir manter essa gaveta assim, eu não sei até quanto tempo eu poderei segura-lá, eu não sei quanto tempo essa grande ferida vai se cicatrizar, eu só sei que estou tentando ser forte. Estou todos os dias mudando meus pensamentos, minhas atitudes, minhas palavras. Eu estou tentando me avaliar a cada instante em cada atitude e tenho me agarrado nessa mudança, eu tenho realmente me pendurado nessa esperança de mudar e de ser o que essa pessoa merece. De ser alguém merecedora dessa preocupação e dedicação. Eu vou conseguir, eu vou lutar até o fim e conseguir. Eu vou ser melhor, nem que para isso eu tenha que me rasgar em pedaços e suturar minhas próprias feridas, eu vou. 
Porque ela merece isso de mim, eu mereço isso de mim. 
Então eu vou lutar até o fim
E eu vou vencer!(Mayra Turquetto)